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sexta-feira, 18 de setembro de 2015

(Resenha) Dez Coisas Que Aprendi Sobre o Amor - Sarah Butler

Título: Dez Coisas Que Aprendi Sobre o Amor

Autora: Sarah Butler 

Ano: 2015  

Páginas: 256 

Editora: Novo Conceito 



Sinopse: Por quase 30 anos, quando a brisa de Londres torna-se mais quente, Daniel caminha pelas margens do Tâmisa e senta-se em um banco. Entre as mãos, tem uma folha de papel e um envelope em que escreve apenas um nome, sempre o mesmo. Ele lista também algumas coisas: os desejos e o que gostaria de falar para sua filha, que ele nunca conheceu. Alice tem 30 anos e sente-se mais feliz longe de casa, sob um céu estrelado, rodeada pela imensidão do horizonte, em vez de segura entre quatro paredes. Londres está cheia de memórias de sua mãe que se fora muito cedo, deixando-a com uma família que ela não parece fazer parte. Agora, Alice está de volta porque seu pai está morrendo. Ela só pode dar-lhe um último adeus. Alice e Daniel parecem não ter nada em comum, exceto o amor pelas estrelas, cores e mirtilos. Mas, acima de tudo, o hábito de fazer listas de dez coisas que os tornam tristes ou felizes. O amor está em todas as partes desta história. Suas consequências também. Sejam boas ou más. Até que ponto uma mentira pode ser melhor do que a verdade? 


***  



Alice precisa voltar para casa pois seu pai está morrendo e quer vê-la antes de partir. Ela acaba tendo que lidar com suas feridas do passado que permanecem pulsantes apesar de cicatrizadas. 

Seu relacionamento com o pai e suas irmãs Tilly e Cee é bastante conturbado. Eles indiretamente a culpam pelas atitudes que sua mãe tomou. Assim Alice cresceu no meio de uma família que estava com as bases completamente corroídas não lhe permitindo criar um alicerce firme para os seus sentimentos. 

Cee é casada e tem 3 filhos. Super controladora. Acredita ser a dona da verdade. Tilly mantém um relacionamento com um homem casado e é mais condescendente com a Alice. O pai no fundo sente um ressentimento muito forte pois Alice é fisicamente parecida com sua mãe. 

Seu último relacionamento amoroso não acabou bem pois o namorado não a assumiu para a família. 

Daniel é um sem-teto que vaga pelas ruas de Londres tentando encontrar a filha que nunca teve a chance de abraçar. Ele tem a mania de equivaler uma cor para cada letra do alfabeto. E assim vai catando "lixo" pelas ruas e montando suas mensagens codificadas para a filha. 

Ele tem um problema sério no coração e precisa correr contra o tempo para realizar o sonho de estar junto com sua filha. Conhece pessoas que passam por dramas parecidos com o seu em cada abrigo que pernoita. 

Dois seres que vivem em "mundos diferentes" que compartilham o mesmo desejo: serem amados. Os dois também compartilham a mania de fazer listas para tudo sempre tendo 10 itens em cada uma. 

Desta forma vamos conhecendo suas essências, seus sentimentos, suas dores, suas mágoas, suas alegrias, suas tristezas, seus desejos. 

Alice não sabe lidar com a rejeição do pai e das irmãs por isso acabou por entrar num relacionamento com o Kal pois no fundo sabia que não daria certo. O que ela sabe fazer com perfeição é fugir. Quando se sente pressionada arruma a mochila e cai na estrada. 

Porém desta vez a vida lhe mostra uma razão para ficar. Os segredos vêm à tona e a fazem enxergar as razões por trás das atitudes da sua família. 

Daniel amou desesperadamente alguém no passado. Mesmo sendo um amor impossível ele tinha esperança num final feliz. Não conseguiu viver plenamente este amor e ainda foi afastado de sua filha. Passou a vagar pelas ruas por causa desta decepção. 

Cada personagem desta história acaba por ter o mesmo meio de expressar sua dor: a fuga. Alice viajando. Daniel indo morar nas ruas. Cee sendo controladora. Tilly submissa. O sr. Tanner, pai da Alice, se esquivando da filha. 

Esta é a atitude típica de todo animal ferido. Se retrair e tentar sarar sozinho a ferida. Porém o que poucos admitem é que para uma ferida ser verdadeiramente expurgada é necessário a ajuda de um "enfermeiro". 

Guardar para si mesmo as mágoas, as decepções e as dores acaba por tornar uma simples ferida numa doença generalizada que termina por deixar a pessoa sem defesas. 

O amor é o sentimento mais sublime que existe porque é capaz de curar uma alma ferida. Mas ele deve ser sentido plenamente. Não apenas entre um casal mas também entre pais e filhos. 

As pessoas não aceitam o fato de um pai ou uma mãe ter predileção por um filho ou filha. Negam que o fazem. Mas quando negam esta verdade estão apenas se engando e ferindo ainda mais aquele que não recebe todo o seu amor. Isso não quer dizer que não o ame. Porém a afinidade espiritual conta muito num relacionamento. Admitir isso torna a pessoa capaz de enxergar a dor que está causando ao outro.  

Não aceito amor por obrigação. Se não o sentir por vontade própria não irei me "obrigar" a amar seja quem for.  

Ao longo da minha vida aprendi algumas coisas sobre a vida (sei que são apenas gotinhas neste imenso oceano de lições) tais como o amor pode sim morrer se não for cultivado. Principalmente de um filho que se sente rejeitado e que a mãe ou o pai não admite para pelo menos minimizar os danos. Viver tentando agradar e só receber desaprovação é frustrante demais. Esvazia o coração e o amor que antes ali existia se apaga. 

Por isso sou a favor do diálogo franco (mesmo tendo crescido numa família com um défit de comunicação). Esta é a única forma de poder seguir em frente sem ter que ficar fazendo paradas para espantar os fantasmas do ressentimento.

Alice e Daniel são dois exemplos de como o amor pode ferir e curar. Em cada etapa de suas vidas tiveram que flutuar num mar de emoções tendo sempre o cuidado de permanecer com a cabeça para fora da água para não se afogarem. 

E acompanhar o desenrolar da trama foi um aprendizado pois cada personagem tem uma lição a ensinar para o leitor. Basta que este esteja disposto a enxergar além das aparências. 

ideia de fazer listas é bem bacana pois nos faz refletir sobre tudo o que está gravado no nosso coração, na nossa mente e na nossa alma. Colocar isto para fora ajuda na cauterização das feridas e nos leva a caminhar rumo a cura. Por mais estranho que isso pareça. 

P.S.: Deixarei aqui as Dez Coisas que gostaria de dizer para o meu pai se tivesse a chance de estar com ele mais uma vez: 
1- Sinto muito. 
2- Obrigada. 
3- Volta. 
4- Me leva. 
5- Desculpa. 
6- Preciso de um cafuné. 
7- Devolve meu chão. 
8- Me perdoa. 
9- Te perdoo. 
10- Nossa ligação ainda não terminou. 



Um leve bater de asas *O:-) anjinho  *O:-) anjinho  para todos!!!!

Khrys Anjos

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